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É Natal. Tenho 7 anos e não sei nada de ti.  Tenho 8 anos e peço a tua presença ao Pai Natal. E mesmo sabendo que ambas as coisas são mentira, acredito.  É Natal e falamos de milagres que acontecem se pedirmos com muita fé. Tenho 10 anos e rezo. Mas tu não vens.  É Natal outra vez e, de fora, parecemos felizes. Uma árvore coberta de enfeites e luzes, crianças à lareira, presentes por abrir.  Nada peço, nada espero.  É Natal, outra vez. Tenho 47 anos e tantas perguntas que nunca te fiz.

Prainha de São Pedro

  Contornámos o Forte, toalhas enroladas ao pescoço, bolas de Berlim na mão. - Não venham tarde. – Gritou o pai enquanto descia em direção à Ribeira para se juntar aos pescadores de Linha. Descemos os poucos degraus que nos levavam à praia e vimos, lá em cima, os turistas a entrar no Forte. Até nós chegavam-nos palavras familiares de tanto as ouvirmos.    E os três trepavam as rochas em direção à ponte. - Faz de conta que és o Álvaro Cunhal! Salta! Atira-te! - E riamos.  Eles lá em cima, eu cá em baixo, à espera de os ver atirar-se um a um. O meu irmão, depois o  Samuel, depois o Luís. - Atira-te, merdas!   E eles atiraram-se, tal como previsto, tal como sempre.  E até que eles viessem à tona, eu não respirava. Esperava o momento em que as cabeças deles começassem a surgir da água. O Samuel foi o primeiro a pôr-se em pé, depois o Luís, riam e gritavam aos turistas na ponte:   - 25 de abril, sempre!    Sacudira...
 Todas as histórias são verdadeiras mesmo as que são ficção.

Nada p'ra Dizer

 Voltei a ter um blogue e mesmo sem nada p'ra dizer, estou a dizer muito.