Prainha de São Pedro
Contornámos o Forte, toalhas enroladas ao pescoço, bolas de Berlim na mão. - Não venham tarde. – Gritou o pai enquanto descia em direção à Ribeira para se juntar aos pescadores de Linha. Descemos os poucos degraus que nos levavam à praia e vimos, lá em cima, os turistas a entrar no Forte. Até nós chegavam-nos palavras familiares de tanto as ouvirmos. E os três trepavam as rochas em direção à ponte. - Faz de conta que és o Álvaro Cunhal! Salta! Atira-te! - E riamos. Eles lá em cima, eu cá em baixo, à espera de os ver atirar-se um a um. O meu irmão, depois o Samuel, depois o Luís. - Atira-te, merdas! E eles atiraram-se, tal como previsto, tal como sempre. E até que eles viessem à tona, eu não respirava. Esperava o momento em que as cabeças deles começassem a surgir da água. O Samuel foi o primeiro a pôr-se em pé, depois o Luís, riam e gritavam aos turistas na ponte: - 25 de abril, sempre! Sacudira...